terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Rua Quinze de novembro pouco movimentada. Acordo e, ainda deitada vislumbro a rua pela minha janela. Mesma vista na mesma perspectiva que tive durante 25 anos. Obviamente alguns elementos da paisagem mudaram, como a árvore de magnólia que existia agora no inexistente jardim da frente. A escola de idiomas que agora é uma igreja cristã coreana. 

Ainda deitada, choro. De nostalgia. Algumas sensações que me marcaram no passado.

Como quando eu ficava inclinada na janela sentindo o cheiro de poeira que a chuva levantava. Como teve um dia específico que sentei na garagem e apreciei o degradê laranja e azul que pintava o céu quando resolvi desenhar o prédio de trás de casa. O caminho que fazia dia sim, dia não para ir ao bunkyo. Os acordes do piano aos sábados, escutando Satoshi ter aula com minha tia. As noites quentes e abafadas que me obrigaram a deitar no chão de azulejo do meu quarto escutando os grilos no jardim da frente que hoje foi desfeito e está coberto de cimento. Os extensos minutos que passara sentada no degrau da área de serviço observando as pétalas do pé de Umê cair não só no jardim mas invadir todo o resto do quintal. 

São coisas tão pequenas em comparação com outras centenas de vivências intensas que tive, mas ainda assim tão mais marcantes para o meu eu do passado.

Me agarro cegamente a essas sensações nostálgicas. A essas memórias que provavelmente foram levemente alteradas pelo meu cérebro. E relembro-as com muito mais frequência do que gostaria. 

Penso em como eu era nessa época. Não sou mais a mesma pessoa. Sinto que perdi algo que existia em mim em algum momento da minha vida no passado. Alguma parte de minha essência. E definitivamente não sei o que é, independente do quanto eu matute. Talvez seja esse motivo que me faça voltar ao passado em uma frequência absurda. 

Será que daqui a alguns anos eu vou parar de viver no passado? E é ironicamente engraçado como misturo o futuro com o passado e descarto o presente. 

Mas, escrevendo do notebook olhando para a mesma paisagem de minha janela, digo com propriedade de que definitivamente estou sem rumo e com crise de identidade. 

sábado, 27 de janeiro de 2018

Eu coloquei todos os pingos nos is.
Resolvi minhas pendências.
Esse sentimento amargo deveria deixar-me e enfim partir
Mas isso só causou mais dependência.

De cara lavada aqui estou
Tudo, teoricamente, em seu lugar
Mas o que apenas em mim sobrou
foi esse vazio que está-me a afadigar.

Um vazio demasiadamente grande
que dilaceram minhas entranhas
uma dor silenciosa que meus pensamentos ela escande
e também que em minh'alma ela gadanha;

O sentimento de liberdade em demasia me atormenta, paciência
Não tenho mais para onde fugir
Nem mesmo em mim, e sim,
não tenho um pingo de resiliência.



sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Saraswati

A tua infindável presença
Atiça-me a fagulha da curiosidade e aprendizagem
Ó deusa da prosa, música e da ciência
Com teu guiar, minha mente eu desancoro e a ti farei uma homenagem:

De beleza reluzente e pele leitosa
A sua flauta tu pões a tocar
Minh'alma antes pesarosa
Agora está a borboletar

Mãe de todo o conhecimento,
tanto dos profanos quanto dos espirituais
oferecendo-me das coisas da vida um melhor discernimento
e, assim, tais saberes orientam-me como meus pontos cardeais

Destarte, peço tua ajuda nos estudos
para afastar-me da intolerância e das trevas da ignorância
Nas ciências espirituais eu irei me empenhar mais, contudo
Pois, afinal, o importante é o evoluir da alma que tem mais relevância

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017


Ora feliz, confortável e acalentada
Ora incômoda, inquieta e assustada

O que esse mundo fez comigo?
Tentar sempre ser esperançosa, não mais consigo.

O que são essas paranoias que em minha mente vaga?
Ah, sim, é culpa desse coração fraco, mas que piada.

Elas não têm horário marcado para aparecer,
mas, escrupulosamente, visitam-me muito antes do alvorecer.

Esse sentimento me distorce, me afunda e me deixa embriagada
É por isso que te evito quando estou desacompanhada, madrugada.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Em meios a tanto ir e vir
Agora sentindo-me completa 
Me reaprendi;
A alma cheia, repleta.

De corpo leve e mente carregada
Apinhada de ternura 
Proferindo não mais charadas
Apenas carinho que perdura.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

A cada passo, uma nova descoberta.

A cada vislumbre, uma nova perspectiva e objetivo.

A cada espiada para trás, percebe-se que suas atitudes são gradativamente dotadas da mais inexprimível certeza.

A cada inspiro, a expectativa cresce mais.

Ou seria esperança?

Que seja. É um alvo sentimento que inunda seu âmago.

E a cada espiada que ela dá em sua alma, avista um bem cuidado e belo jardim delicado. De lá, duas coisas brotam: flores e sonhos.

Sua única tarefa é manter a pureza de seu jardim e seguir adiante carregando todos esses sentimentos consigo. Nada mais importa.
Nada.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Coração batendo aos trotes
O nó que antecede uma confissão
Nó em tudo;
-garganta, esôfago, coração...
E a mente inquieta
-com vários dizeres não proferidos.

Será que...? 

Não, deixa pra lá.

O medo de desapontar supre; mais uma vez, encaixoto tudo e guardo comigo. 
Hoje não, coração.